Recomendações para a prevenção e tratamento de lesões de tegumento

As lesões de tegumento, mais frequentemente encontradas na zona do joelho, curvilhão e pescoço, estão normalmente associadas às instalações do estábulo e à sua manutenção. Com uma gestão adequada estas lesões podem ser diminuídas e/ou prevenidas.
As lesões mais observadas correspondem a zonas de alopécia (peladas), inchaço e ulceração. Este tipo de lesões comprometem o conforto animal tendo um impacto negativo na produção e longevidade do efetivo. Dependendo da gravidade da lesão, estas podem conduzir à redução da mobilidade dos animais, menor ingestão de matéria seca, baixa produção e problemas reprodutivos.

 

Lesões do curvilhão

As vacas deitam-se ligeiramente de lado exercendo pressão no curvilhão do lado para o qual se deitam. Ao garantir que a superfície onde se deitam é macia e confortável, o impacto desta pressão é diminuído.

 

Lesões do joelho

As lesões localizadas na zona do joelho podem resultar de: cubículos curtos e travador do peito demasiado alto (obrigam os animais a ter os membros anteriores fletidos); travador do pescoço mal dimensionado (dificulta o balanço que os animais necessitam para se deitar/levantar). Em ambos os casos, verifica-se um aumento da pressão exercida sobre os joelhos, que conduz ao aparecimento destas lesões.
O primeiro ponto de impacto quando as vacas se deitam e levantam, são os joelhos. Cubículos em cimento ou com colchões demasiado abrasivos vão aumentar o impacto desta pressão, aumentando a probabilidade de se desenvolver uma lesão.

 

Lesões do pescoço/garrote

As lesões localizadas na zona do pescoço podem resultar do mau dimensionamento do travador do pescoço e/ou cornadiz, aumentando a pressão exercida sobre o pescoço. No caso das explorações com estabulação fixa, deve ter em conta o comprimento das correntes de modo a minimizar a pressão que estas exercem sobre o pescoço.

Tratamento: o que dizem os estudos

Um estudo que avaliou a cicatrização de lesões do curvilhão concluiu que vacas que têm acesso a camas de areia, cubículos com caixa de serrim ou pastagem apresentam uma resolução mais rápida das lesões. Isto sugere que usar camas profundas ou fornecer acesso ao exterior pode ser um bom método para minimizar ferimentos nos curvilhões e joelhos. Importa considerar que muitas destas lesões levam algum tempo para regredirem, podendo mesmo nunca regredir totalmente.

 

Benefícios na redução e/ou prevenção das lesões de tegumento

Estudos efetuados demonstram que as lesões de tegumento têm um impacto negativo na saúde e produtividade do efetivo. Tanto o Produtor como os animais vão beneficiar com a diminuição das lesões tegumentares.

  • Aumentar a saúde e conforto animal.
  • Melhorar a produção.
  • Melhorar o rendimento económico.
  • Aumentar o tempo de descanso.

 

Como controlar a dor

A maioria destas lesões são dolorosas, especialmente as que envolvem inchaço e/ou ulceração. O médico-veterinário assistente da exploração é a pessoa mais indicada para auxiliar o Produtor a desenvolver um plano de tratamento bem como uma estratégia de identificação e monitorização destas lesões.
Deverão ser mantidos registos de tratamentos e ações corretivas, de modo a melhor avaliar a sua eficácia e assim identificar a principal causa destas lesões.

 

Como melhorar o meu estábulo

É importante verificar-se que se trata de um problema individual ou um problema do efetivo. Sendo um problema do efetivo devem ser avaliadas as condições da estabulação, de modo a encontrar os principais pontos críticos.
As dimensões dos cubículos afetam o posicionamento dos animais dentro dos mesmos, quer de pé quer deitados, bem como o tempo que passam nos cubículos. A largura, o comprimento e a altura dos cubículos, quando mal dimensionados, podem conduzir à existência de lesões nos curvilhões e/ou joelhos. As lesões ao nível do garrote estão mais relacionadas com a altura da guilhotina e dos cubículos (travador do pescoço).
É importante ter em conta que as medidas recomendadas pela bibliografia para os cubículos, são sempre relativas a determinado peso corporal. O Produtor deve ter em conta os animais do seu efetivo, dimensionando as medidas tendo em consideração os animais maiores.

 

Material de cama

É importante garantir que o material de cama tenha uma profundidade adequada para evitar o desenvolvimento de lesões causadas pelo atrito em zonas potencialmente duras e superfícies abrasivas. Mesmo colchões novos podem ser abrasivos, sendo benéfica a colocação de material de cama para minimizar essa abrasão. No entanto, se o material colocado não for suficiente para amortecer o impacto do animal a deitar-se, o risco de lesão pode ser maior. Quando os cubículos têm colchão, idealmente, deverão ser adicionados 5 a 7 cm de material de cama (por exemplo serrim). Em cubículos de cimento, a quantidade adicionada deverá ser sempre superior a 7 cm.

A frequência de limpeza e reposição do material de cama são fatores importantes, que afetam o tempo e qualidade de descanso dos animais.

TEXTO: Serviço de Certificação e Sustentabilidade das Explorações AGROS