75 anos da nossa história
A criação da AGROS U.C.R.L.
A AGROS — União de Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, é uma organização cooperativa sediada em Portugal, com uma história que remonta às primeiras décadas do século XX. A sua criação e desenvolvimento estão intrinsecamente ligados à evolução da agricultura e, em particular, da produção de leite em Portugal. A bandeira do cooperativismo, impulsionada por homens, permitiu que os Produtores de Leite da região Entre Douro e Minho se unissem para modernizar, melhorar a produtividade dos seus rebanhos, vencer obstáculos, bem como, abrir perspetivas de futuro.
Uma história de união e crescimento
A AGROS foi fundada em 1949, no contexto de um período pós-Segunda Guerra Mundial, quando havia uma crescente necessidade de organização e modernização no setor agrícola. O objetivo principal da sua criação foi promover a união e o fortalecimento dos produtores de leite da região Norte de Portugal, um setor que enfrentava muitos desafios, incluindo a falta de recursos técnicos e financeiros. Nos primeiros anos, a AGROS dedicou-se a apoiar os seus membros na melhoria das práticas de produção. Esta fase inicial foi marcada pela construção de infraestruturas essenciais, como centros de recolha e processamento de leite, que permitiram aumentar a qualidade e a quantidade da produção do mesmo.
Expansão e Modernização
A AGROS foi crescendo em número de associados e em capacidade de produção. Este crescimento foi acompanhado por um processo contínuo de modernização. A organização investiu em novas tecnologias de produção e processamento, adotou práticas agrícolas mais sustentáveis e procurou sempre garantir a qualidade dos seus produtos. A expansão não se limitou ao aumento da produção. As atividades foram diversificadas, ao entrar em novos mercados e por consequência, foram estabelecendo parcerias estratégicas com outras entidades do setor agrícola e agroindustrial. Este período de expansão foi crucial para consolidar a AGROS como um dos principais pilares do mercado de leite e derivados em Portugal.
Desafios e adaptações
Como qualquer organização com uma longa história, a AGROS enfrentou diversos desafios ao longo das décadas. A globalização, a volatilidade dos preços do leite, as mudanças nas políticas agrícolas da União Europeia e as crescentes exigências dos consumidores por produtos saudáveis e sustentáveis são alguns dos desafios que esta teve de enfrentar. A resposta a estes desafios foi marcada por uma constante adaptação e inovação. Foram implementadas práticas de gestão mais eficientes, investiu-se em investigação e desenvolvimento e reforçou-se a aposta na sustentabilidade ambiental e social. Estas medidas permitiram manter a competitividade relevante num mercado em constante mudança.
Presente e futuro
Hoje, a AGROS é uma referência no setor leiteiro em Portugal, e representa centenas de produtores de leite contribuindo significativamente para a economia regional e nacional. Continua a existir investimento em inovação, com um forte enfoque na sustentabilidade e na qualidade dos produtos. O futuro da AGROS é promissor, incluindo planos de expansão e apostas contínuas na modernização das suas operações. A cooperativa mantém-se fiel aos seus princípios de solidariedade, cooperação e desenvolvimento sustentável, enquanto se adapta às novas realidades do mercado global.
A história da AGROS é um testemunho da capacidade de adaptação e inovação de uma cooperativa que, ao longo de mais de sete décadas, soube crescer e prosperar, enfrentar desafios e aproveitar oportunidades para beneficiar os seus associados e a comunidade em geral. A história da AGROS é marcada por momentos de inovação, crescimento e superação. Cada uma das datas representa um passo importante na história de uma união de cooperativas que começou como um sonho de pequenos agricultores e se tornou uma força vital no setor leiteiro em Portugal. Continuamos a olhar para o futuro com esperança e determinação, preparados para enfrentar novos desafios e aproveitar novas oportunidades.
Mensagens de Ex-dirigentes e família homenageados na cerimónia dos 75 anos
Eu e o meu pai não tínhamos uma relação muito próxima, no entanto, quando eu tinha os meus 15 anos comecei a ouvi-lo um pouco mais. Por essa altura, ele contava-me que a AGROS, ainda era algo que estava nos princípios. Sendo assim, ele baseou-se na recolha do leite, uma vez que antigamente esta era feita ao caneco, à cabeça ou em carros de bois. Estas pequenas coisas ficaram-me marcadas, porque a AGROS nasceu do trabalho e esforço dos pobres. O leite aqui na zona era muito pouco, a maior parte do gado que existia naquela altura não era gado de leite. Contudo, o meu pai costumava dizer que se não houvesse leite, não havia matéria-prima, assim sendo, segundo ele, começaram a importar gado Torino para começarem a produzir mais leite. À medida que a AGROS foi evoluindo, o meu pai viu a necessidade de comprar um camião.
Para mim, esta homenagem é extremamente importante, pois representa o reconhecimento público da dedicação e do trabalho árduo do meu pai como presidente da AGROS. Além disso, a homenagem não apenas celebra as realizações do meu pai, mas também serve como uma recordação duradoura do seu legado e impacto positivo no setor agrícola.
Abílio Arteiro, filho de José Francisco Arteiro – Presidente da AGROS em 1949
Eu não tenho muitas recordações do meu pai na AGROS, pois, quando ele assumiu o posto, eu tinha apenas 10 anos. No entanto, algumas memórias ainda me acompanham. Ele foi um homem extremamente empreendedor, desde sempre. Viajou pelo mundo e, com toda a sua experiência, via oportunidades de negócio em tudo. Começou por investir em gado e, daí, surgiu o leite. Lembro-me dele se levantar de manhã cedo para tirar o leite das vacas e vendê-lo diretamente à cabeça. Foi assim que tudo começou. O meu pai, juntamente com mais dois fundadores, desenvolveram a Cooperativa de Amorim e montaram os primeiros postos de leite. Logo em seguida, decidiram criar a AGROS em Vila do Conde. Se a memória não me falha, ele foi Presidente durante quatro anos e tesoureiro por cinco. Uma lembrança que guardo com clareza é o medo da minha mãe. Ela receava que a organização fosse à falência, isto porque antigamente os tempos eram difíceis. Ela era contra as reuniões noturnas e as frequentes ausências do meu pai.
Esta homenagem é muito importante para a nossa família. Ficamos todos muito emocionados, especialmente os meus irmãos. Sentimo-nos honrados ao ver o trabalho árduo do nosso pai ser reconhecido de forma tão significativa. Ver o esforço e a dedicação dele a serem lembrados é uma fonte de grande orgulho para nós. No fundo, esta homenagem é um tributo significativo que reforça o quanto ele foi e continua a ser importante para todos, inclusive para a AGROS.
Vitalina Martins, filha de Manuel A. Martins – Presidente da AGROS em 1950
Uma história que o meu pai me contava e que me marcou profundamente foi a do esforço dele para modernizar a agricultura, seguindo os passos do meu avô. Ambos tinham uma grande paixão pela inovação do setor agrícola. O meu pai era um grande dinamizador e o seu trabalho nessa área foi muito apreciado. Lembro-me particularmente da paixão que ele tinha pelo desenvolvimento da AGROS. Muitas vezes, ao tentar implementar algo novo na cooperativa, ele enfrentava resistência por parte dos lavradores. Essa falta de apoio causava-lhe um grande desgosto, uma vez que acreditava profundamente na necessidade de modernização para garantir o futuro da agricultura.
O meu pai não gostava de impor a sua vontade através da autoridade. Em vez disso, ele preferia explicar o porquê de pensar ou proceder de determinada forma. Ele nunca implementava nada que fosse contra as vontades de outros. Para nós foi, e continuará a ser, um motivo de muito orgulho. Dou-lhe um exemplo, o meu pai foi ganhando inúmeros prémios durante a vida e nós mantemo-los lá em casa até hoje. Assim sendo, esta homenagem continua a enaltecer a nossa lembrança e o nosso orgulho por termos tido um pai de tamanho valor.
Domingos Azevedo, filho de José Antunes Azevedo – Presidente da AGROS 1970-1972
Na verdade, tenho memórias engraçadas, como o lançamento dos tetra pack em Portugal, com o lançamento em simultâneo dos pacotes de 1/5 de litro de leite com chocolate AGROS, o começo da ultra pasteurização, ver o camião da AGROS entregar em casa iogurtes com sabores bem caraterísticos, como o de chocolate, que só a AGROS tinha. As visitas que fazia com meu Pai ás salas de ordenha que estavam nessa altura a ser implementadas. A paixão que reinava durante anos pela “União de cooperativas de produtores de leite de entre Douro e Minho). Onde está o Pai? Ainda não veio da “União”, era este o nome de “casa”, para a AGROS.
Esta homenagem, tem de facto importância para toda a família e traduz, todo o trabalho, muitas vezes de forma altruísta e movido pela paixão, que nosso pai realizou em prol do desenvolvimento de Portugal, em particular na agro pecuária e na agricultura em geral, com ações perfeitamente inovadoras e que aliavam o desenvolvimento empresarial ao desenvolvimento e melhoria de vida, de centenas de famílias que se dedicavam á produção de leite, no norte do país. Anos de entrega a várias causas e à implementação de novos fatores de desenvolvimento.
Pedro Roriz, neto de Carlos Alberto da Silva Vasquinho Roriz Pereira – Presidente da AGROS em 1975
Recordamos, com saudade, o entusiasmo e a vivacidade com que abordava diversos assuntos que fomentava em almoços/convívios familiares, e em que invariavelmente acabavam por estar relacionados com a AGROS. A presidência do nosso pai decorreu num período (1977/1982) em que, fruto da revolução de 74, desencadearam-se inúmeras alterações ao nível politico/económico/social, etc. No caso agrícola do setor do leite, e com fim das Organizações Corporativas e da Federação dos Grémios da Lavoura, colocava-se a questão de saber qual ou quais as organizações da Lavoura que deviam executar as tarefas representativas e económicas que cabiam à Federação dos Grémios da Lavoura de Entre Douro e Minho. Recordamos este tema pela dificuldade/complexidade que o nosso pai nos transmitiu, mas que felizmente terminou a favor da União de Cooperativas (AGROS) e naturalmente do movimento Cooperativo de que era um acérrimo defensor, na teoria e na prática.
Naturalmente que nos sentimos honrados e emocionados ao ver que o trabalho desenvolvido pelo nosso pai em prol de tão importante organização foi reconhecido. Esta homenagem também serve como um legado para as gerações futuras da nossa família, lembrando-nos do valor do trabalho comunitário e do impacto positivo que uma liderança comprometida pode ter. É uma reafirmação dos valores que o nosso pai sempre nos transmitiu: a importância da cooperação, da solidariedade e do trabalho árduo em prol do bem comum.
António Costa e Silva, filho de Joaquim Costa e Silva – Presidente da AGROS 1977-1982
A homenagem realizada ao meu avô foi recebida com grande orgulho pela família e demonstra o reconhecimento de todo o seu trabalho e dedicação a AGROS.
Tiago Cardeal, neto de Fernando Mendonça – Presidente da AGROS 1982-2009
Foram 40 anos de vida dedicados à AGROS e a toda a organização do setor agrícola aqui da região e principalmente do setor leiteiro. Eu tive um trabalho importante, como toda a equipa que trabalhava na AGROS, todos nós nos dedicamos ao seu desenvolvimento. Fui sempre apaixonado pelo setor agrícola, bem como, pelo seu desenvolvimento. Eu tinha perspetivas de futuro, a agricultura tinha de se desenvolver, tal e qual como a indústria. Quando fui chamado para fazer parte da cooperativa e, entretanto, chamado para a direção da AGROS, o meu objetivo era apenas um: melhorar a vida dos agricultores.
Assim sendo, nestes 75 anos da AGROS, desejo que continuem a trabalhar com toda a dedicação destes anos para alcançar este objetivo. Uma das coisas que mais me marcou foi a determinação das pessoas envolvidas na AGROS. Todos sabiam o que queriam e uniam-se para lutar pelos mesmos objetivos. Esta união e força de vontade foram fundamentais para o sucesso da AGROS. Tenho plena confiança na atual direção da AGROS. Eles acreditam e lutam pelo futuro dos agricultores, algo que sempre foi o meu principal objetivo. Ver essa continuidade de valores e objetivos é muito gratificante e dá-nos esperança para o futuro.
Em termos de testemunho, gostaria de sublinhar a importância da união e do trabalho coletivo. A AGROS nasceu e cresceu graças ao esforço conjunto de muitas pessoas dedicadas. É crucial que este espírito de colaboração e luta pelos interesses dos agricultores continue a ser o alicerce da cooperativa. É através dessa união que a AGROS conseguirá enfrentar os desafios futuros e continuar a prosperar.
Francisco Marques – Presidente da AGROS 2009-2011
Agradeço a homenagem que me foi prestada pela AGROS a que orgulhosamente presidi, mantendo o empenho, o compromisso e a dedicação diária na defesa do setor.